Historias

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

P.S Eu Te Amo - Capitulo 80

Demetria acordou e não sabia quantas horas haviam se passado, mas quando acordou teve a certeza de que estava sozinha, e agradeceu por isso. Ela se virou, e estava na cama, vestida com uma camisola, coberta até a cintura. Não vira ele lhe levar do ateliê pro quarto, nem trocar sua roupa, nem nada. Não vira ele sair, mas sabia que havia saído, o sentia. Ela respirou fundo, e sentiu um papel em sua mão. Não precisava olhar pra saber o que havia escrito no bilhete, mas olhou ainda assim.

"P.S.: Eu te Amo."


Demetria sentiu raiva. Não queria ser submissa a ele desse jeito. Queria rejeitá-lo, queria magoá-lo assim como havia sido magoada. Sentia-se submissa, uma grande idiota perante a ele. Mas manter sua resistência perto dele era tão fácil quanto morder manteiga. Ela o amava, Deus do céu, o amava. Mas não queria pensar nisso agora, não queria pensar em nada. Trouxe o bilhete dele pra perto do peito e, mantendo-o ali, se deixou dormir outra vez. E era só.

Ashley : Joseph, mandou me cham... AH MEU DEUS! – Exclamou, quando Joseph se virou pra olhá-la. Foi só o susto pela aparência dele mesmo. Ela mordeu o lábio, cerrando os olhos e reprimindo o riso, então respirou fundo , recuperando a expressão calma. Joseph tinha uma sobrancelha erguida, em expressão de deboche – Perdão. Mandou me chamar?

O susto de Ashley  tinha fundamento. Joseph tinha uma ferida, agora limpa, de três unhadas, claramente vermelhas, e que pelo que ela entendia deveriam estar doendo, no maxilar direito. Uma vez lavada, a ferida feita caprichosamente por Demetria em duas tentativas mostrou sua profundidade. Havia outra semelhante no lado esquerdo do pescoço dele, porém menos funda que a da maxilar. O canto da boca dele estava ferido, com um tracinho indicando o sangue que parara de cair e secara (não é exagero, quem já partiu a boca sabe que é o cão pra estancar o sangramento), e a pele dele, mesmo pálida como sempre, parecia ter sido maculada, agredida. Ashley  reparou que ele trazia um lencinho na mão, branco, que tinha breves manchas vermelhas, ele provavelmente tentara estancar o sangramento da boca com o lenço.

Joseph: Quero que chame Nolan , e vá até minha casa. – Disse, se sentando na cadeira. – Vá até o escritório que eu mandei que você reformasse anteriormente. – Ashley  assentiu – A vidraça da janela está quebrada, e eu creio que uns móveis estão danificados, uma mesa e talvez a estante, não parei pra verificar. Chame os profissionais que forem necessários, e coloquem aquele lugar em ordem, por favor. – Disse, tirando a chave do apartamento do chaveiro, onde sobrou a chave do carro, e entregou a ela – Isso é... – Interrompido.

Ashley : Pra ontem. – Ela rolou os olhos, e ele riu de leve – Vou passar no ateliê de Demetria antes, e logo em seguida vou até lá. – Disse, guardando a chave dele no bolso – Com licença.

E saiu. Ashley  chegou ao ateliê de Demetria algum tempo depois. Estavam lá Selena, Sterling, Demetria e Justin  , com Lúcia. Havia um certo tumulto quando ela chegou.

Demetria: Mas que diabo, saia de perto de mim, Justin  ! – Disse, com a mão no rosto.

Aparentemente Justin   tentava tirar a echarpe que cobria o pescoço dela. Demetria tinha o cabelo preso em um coque frouxo (que deixava a raiz dolorida de seu cabelo repousar), uma blusa de algodão, branca, de manga comprida (que ocultava o braço, que tinha breves manchas azuis, talvez estivessem roxas agora, ela não sabia dizer), uma echarpe cinza (que ocultava todo tipo de marca deixado ali), jeans e saltos cinza. Ashley  viu os lábios dela inJustin os, tal como o lado direito do rosto, e se lembrou das marcas de Joseph. Desviou o olhar de Demetria antes que risse.

Justin  : Venha aqui, neném. – Disse, rindo. Isso fez Demetria se lembrar da ultima vez que fora chamada de neném.

“Assim... Eu quero tudo de você, neném.”


Isso provocou um arrepio inconsciente na espinha dela. As memórias ainda eram muito recentes.

Demetria: Não sou seu neném! E me deixe em paz! – Disse, exasperada, contornando a mesa, evitando ele. Justin   riu.

Ashley : O que há? – Perguntou, divertida.

Demetria: Essa mania do diabo de querer tirar minha roupa. Inferno, Justin  ! – Disse, se esquivando novamente.

Justin  : Meu amor, no dia em que eu conseguir tirar sua roupa, vou me considerar um homem feliz. – Disse, sorrindo. Selena se estourou de rir. Sterling olhava a cena, o rosto concentrado, em um misto de preocupação e graça.

Demetria: Vai morrer sem ser feliz, querido. Justin  , eu estou cansada! – Choramingou, se afastando de novo. Queria se sentar.

Ashley : Imagino. – Disse pra si mesma.

Sterling: Que? - Perguntou, olhando-a.

Ashley : Nada. – Disse, sorrindo de canto.

Selena: Senta, Mai. – Disse, enquanto Demetria, bocejando, se afastava de Justin   novamente.

Ashley : Não, não vou me demorar.

Justin  : Porque, meu doce? – Perguntou, se desviando de Demetria e indo pra Ashley . Demetria suspirou, aliviada, e se deixou cair em sua cadeira. Estava no bagaço, pra ser exata.

Ashley : Vou trabalhar pra Joseph hoje. – Disse, passando pra trás da mesa de Selena. Demetria ergueu a cabeça.

Demetria: Pra Joseph...?

Ashley : Parece que um escritório precisa ser reparado. – Disse, sem se conter. Demetria ergueu as sobrancelhas, se dando conta do estado em que o ateliê deveria estar.

Ninguém viu, mas a graça fugiu do rosto de Sterling ao ouvir falar de Joseph. Era só preocupação agora. Demetria contara aos amigos a situação da carta.
Selena alfinetou, Justin   se ofereceu pra consolá-la, mas apenas Sterling sabia a verdade sobre a carta. Sobre a primeira carta. Seu mês havia vencido.


Demetria: Esteve com ele hoje? – Perguntou, olhando-a.

Ashley : Estive. Ele me deu ordens. Nolan  está vindo da outra matriz da empresa, vamos juntos... reparar os danos. – Disse, se contendo. Ela pareceu tentar se conter, mas enfim falou – Que diabos você fez com o rosto dele, Demetria?

Justin  : Como assim? – Perguntou, imediatamente, se virando pra olhar Demetria.

Demetria: Ashley ! – Exclamou, o rosto pálido corando – Digamos que ele mereceu. – Murmurou. Não tinha pensado no estado em que o rosto do marido ficara.

Justin  : O que fez a ele, Demetria? – Perguntou, sorrindo.

Demetria: Não é de sua conta. – Rosnou, se afundando na cadeira.

Sterling: Eu vou ligar pra Nicholas . – Disse, repentinamente. Todos o olharam; Selena com mais atenção.

Selena: Por...? – Perguntou, confusa. Sabia que Nicholas  não gostava que o procurassem em suas viagens, todos sabiam, só se fosse emergência.

Sterling: Susana está tentando achar um modo de me desacreditar perante ao júri. – Mentiu – O advogado dela me procurou ontem. – Respondeu – Eu quero adiantar o julgamento. Quero acabar logo com isso. – Disse, virando o rosto pra olhar a poltrona confortável onde Lúcia dormia, abraçada com sua boneca. – Tudo bem, Selena, você pode ligar. – Disse, se virando, com um sorriso no rosto.

Selena: Porque eu? – Perguntou, indignada.

Sterling: Porque você está louca de vontade de fazer isso. Vamos, pra mim você não mente, ligue. – Disse, atirando seu celular a ela, que o apanhou, com a sobrancelha erguida.

Na verdade, Sterling queria eliminar a chance de fraquejar. Se Susana estava realmente disposta a sabotá-lo desse jeito, ele iria eliminar a chance dela de ter a menina , de uma vez por todas. Selena discou o numero de Nicholas , e pôs no ouvido. O telefone chamou três vezes, então foi atendido.

XXXX: Alô? – Disse uma voz feminina , clara e delicada, do outro lado da linha. Selena entendeu...

Era a mulher dele.

próximo capitulo....

P.S Eu Te Amo - Capitulo 79

Quando Joseph se aproximou Demetria, ela, ainda histérica, apanhou a pesada mesa de madeira pelas bordas, e virou pro lado dele. A mesa era pesadíssima pra ela, mas não pra ele; ele amparou a mesa antes que caísse pro seu lado (provavelmente quebrando seus dois pés) e jogou na direção dela, mas não nela, e sim na estante de livros que estava atrás dela. A mesa foi de encontro à estante, se batendo fortemente com ela, e caindo no chão com um barulho ensurdecedor.
Vários livros caíram da estante (que fazia contorno a toda a parede da sala, do chão até o teto, e era presa na parede, por isso não desabou), acumulando o barulho com os pinceis de Demetria. Falando em Demetria, essa não tinha mais nenhum móvel entre ela e o marido, que agora estava no ápice de sua fúria. Ela foi olhou em direção da porta, mas pra seu desalento ela se lembrou que ele havia feJustin o ao entrar. Não daria tempo de correr. Seja então o que Deus quiser.

Joseph avançou pra ela, que a inicio pensou que ele fosse lhe dar uma bofetada. Mas não, a mão dele traçou do rosto dela até a nuca, onde apanhou um punhado de cabelo com força, fazendo-a parar de atirar as coisas nele, mantendo o rosto dela inclinado pra trás pelo puxão.

Joseph: Agora você vai parar de agir como uma criança, porque eu não sou seu pai pra te agüentar. – Disse, a voz docemente raivosa. Agora sim, era o Joseph de antes, pensou ela enquanto encarava-o, raivosa. Quando brigavam, era exatamente assim que ele agia. Sem ‘não me toques’ pro lado dela. Ele ter perdido as estribeiras e aparente controle não era algo que confortava ela agora.

Demetria: Me largue. – Rosnou, se debatendo, e o puxão em seu cabelo se tornou mais forte, fazendo-a parar.

Joseph: Eu disse pra parar. Agora. – Disse, os dois olhos tão ameaçadores que causavam um arrepio na espinha dela. O verde esmeralda dos olhos dele parecia agressivo só ao olhar.

Demetria: Eu vou dar queixa de você por agressão. – Rosnou. Ela viu um sorriso nascer no rosto dele; um sorriso malévolo, malicioso, e se refletia em seu olhar – Eu juro por Deus que eu vou, Joseph.

Joseph: Vai nada. – Debochou, sorrindo. Demetria gemeu quando ele apertou mais o cabelo dela. Demetria percebeu, instantaneamente, que gemer fora um erro absurdo de sua parte nesse momento. Algo que ela não queria agora faiscou junto com a raiva, nos olhos dele – Saia daí, não quero que se machuque. – Disse, indicando os cacos de vidro da lâmpada do abajur, e de dois porta-retratos dela que quebraram quando a mesa virou.

Demetria: Não. – Disse, fincando pé no chão. – Não vou me machucar, e você vai me largar. Agora, Joseph, eu não estou brincando.

Joseph: Ah, você não tá brincando mais, neném? – Perguntou, o sorriso faiscante aumentando em seu rosto. Ela viu ele se aproximar. – Mas agora eu estou. E eu não pedi pra você sair daí, eu mandei.

Demetria: Você não manda em mim. – Rosnou, a cabeça se inclinando mais pra trás conforme o puxão dele aumentava.

Joseph: Pode ser. Só que eu sou mais rápido você, mais forte que você, - Disse, e ela sentiu a mão dele passando sutilmente por sua cintura. Em seguida ele a ergueu do chão, retirando-a do circulo de cacos de vidro, e andou até um ponto em que o chão estava livre – E tenho mais força de vontade que você. – Concluiu, deboJustin o.

Demetria teve um ataque: era agora ou nunca. O acertou de todos os modos que conseguiu pensar, com tapas, unhadas, se debateu, o empurrou. Joseph se esquivou da maioria, mas isso não o deixou imune da unhada que levou na maxilar direita, nas quais três fios de sangue começaram a cair tranquilamente, da bolacha que o atingiu na outra face, e dos arranhões mais leves que seu pescoço levava. Ele franziu o rosto, tirando-o do alcance de Demetria, então ela acertou seu pescoço, deu braço, e continuava se debatendo. Joseph suspirou, quase como entediado, e apanhou um dos braços frágeis dela e puxou com força, fazendo-a girar, dando as costas a dele, enquanto a outra mão puxou o cabelo dela com força. O choque a fez parar.


Demetria: Ai! – Protestou, contra a dor no braço preso.

Joseph: Se eu não soubesse do seu gênio até acharia que você realmente queria me machucar. Mas não queria, não é, Ma Belle? – Perguntou, a voz doce e o hálito quente no ouvido dela.

Demetria: Eu vou gritar. – Avisou, tentando mover a cabeça. Mas os cabelos embolados a mão dele não permitiram. Ele resultaria lhe arrancando um punhado de cabelo, isso sim.

Joseph: E depois de todo o barulho que já fizemos, acha que alguém vai aparecer? – Perguntou, a boca acolhendo a orelha em beijos seguidos.

Demetria virou o rosto pro lado oposto, custando mais um puxão de cabelo, querendo sair dos beijos dele. Foi um alivio pra ela quando sentiu ele soltar seu cabelo. Ela arfou, sentindo o couro cabeludo latejar. Então sentiu pra que ele soltara seu cabelo: precisava da mão livre pra desfazer o nó do roupão, que era o que ele fazia agora. Demetria usou a mão livre pra tentar impedir a mão dele, sem muito sucesso. Era só um laço, e mesmo com a mão dela contendo-o, foi só puxar e o roupão se abriu, revelando a lingerie preta que ela usava por baixo.

Joseph: Sabe qual a verdade, Ma Belle? – Perguntou, sussurrando no ouvido dela, enquanto sua boca descia vertiginosamente pela pele de seu pescoço e pelo seu ombro, afastando o roupão que caiu de um lado do braço dela – Você precisa de um trato. De um bom trato. – Disse, mordiscando a pele da maxilar dela. Demetria podia fechar os olhos e fingir que isso era um flashback; era exatamente igual há quatro anos atrás. Mas ela manteve os olhos abertos em par, enquanto sua pele se arrepiava, tornando-se uma linda delatora. Joseph sorriu ao ver o corpo dela trair sua resistência – Ah, precisa sim. Já faz muito tempo, não é? – Perguntou, passando a boca pela nuca dela, levando os cabelos perfumados juntos. Ao sentir a boca dele levemente em sua nuca o arrepio foi mais forte, e Demetria praguejou em silêncio – Mas está tudo bem. Eu vou resolver isso. – Prometeu, após afastar o roupão do outro ombro. O roupão teria caído ao chão, se o braço dela não estivesse preso a ele. Ficou pendurado apenas por um braço. Demetria ficou parada, imóvel, sentindo o corpo quente dele moldando o seu próprio, agora vestida só com a calcinha e o sutiã. Ela imaginava um modo de surpreendê-lo pra poder correr dali.

Mas antes que pudesse concluir alguma idéia, ele a virou bruscamente, soltando o braço dolorido dela, e a beijou com fúria.

A reação dela foi parar no inferno, pensou, atordoada, enquanto a mão firme dele puxava sua cintura fina pra si. Demetria sentiu a língua dele invadir sua boca agressivamente, e sentiu um choque quando percebeu que correspondia. Ele não estava forçando um beijo; os dois estavam se beijando. Isso lembrava tanto Demetria... Um passado feliz, onde ela não tinha temores nem ressentimentos, só um amor, tão grande quanto o tempo... Onde ela confiava a vida nele... Os dois eram marido e mulher, e só. Era exatamente assim que acontecia, o modo como ele a sufocava, a monopolizava. Então, com um choque, no meio do beijo, Demetria se lembrou de que ela estava no presente. O passado ficara pra atrás com uma mancha negra que o separava do presente. Uma mancha feita de dor, solidão e sofrimento. Joseph, que estava tão absorto no beijo que ela lhe retribuía que não se lembrou de segurar as mãos dela. Foi um susto pra ele quando recebeu uma nova unhada, mais forte que a primeira, que fez seu rosto recomeçar a sangrar. Demetria o estapeou com força, mordeu os lábios dele e se debateu. Joseph agüentou seus tapas, seus empurrões, sem desistir, sem pestanejar. Era como se ela estivesse acariciando-o, só que a caricia era tão forte que uma unhada dela rasgou três tiras do tecido da camisa do ombro dele, ainda deixando um vergão vermelho em sua pele. Demetria tinha a cabeça em pânico: será que aquele homem não sentia dor? Ela tinha o sangue do rosto dele, do pescoço, nas mãos, e ele continuava inabalado. Demetria tentou empurrá-lo, mas uma mão dele prendia sua cintura enquanto a outra prendia seu rosto. Ela grunhiu dentre o beijo, mas não teve efeito.

Joseph: Está me irritando, Ma Belle. – Murmurou, carinhoso, pra provocá-la, enquanto beijava seu pescoço com ganas.

Demetria: Você é medíocre. – Rosnou, empurrando o ombro dele.

Joseph: E você é linda. – Retribuiu, fazendo graça da raiva dela.

Demetria: Me solte. – Implorou, choramingando. Perdera as forças nos braços dele.

Joseph: Você quer que eu te solte? – Perguntou, mordiscando a parte frontal do pescoço dela. Demetria tinha dificuldade até pra respirar desse jeito. Não houve resposta da parte dela por um instante, e ele trabalhou pra que se mantivesse. Demetria sentia as duas mãos dele na barriga nua dela, cada uma de um lado da cintura. As mãos dele subiam e desciam, desde o quadril até a curvatura dos seios , de um modo apertado, pegado, e parecia deixar um rastro quente quando passavam, enquanto ele beijava-lhe demoradamente os pontos do rosto, pescoço, ombro, e colo. Mas ele queria uma resposta pra sua pergunta. Assim, foi diminuindo a pressão das mãos e deixando os beijos mais espaçados... Demetria logo suspirou de frustração.

Demetria: Não. – Respondeu, por fim. Joseph sorriu e ela procurou a boca dele, saudosa por seu gosto.

Joseph: Minha menina . – Murmurou, sorrindo, e deixou que ela o beijasse.

A coisa entrou em erupção depois disso. Aparentemente Joseph esperara por esse momento há tempos, e Demetria o queria. Ele deu impulso a ela, que pulou, satisfeita, no colo do marido. Seus cabelos eram uma cortina marrom em torno dos dois.
Demetria sentiu-se sentar sob algo frio, que veio descobrir ser o tampo da mesa dele (lembrando que a mesa dela tava emborcada lá na casa do inferno). Demetria não perdeu tempo, puxou a camisa dele, que logo voou pela sala. Ela sorriu por dentro ao sentir o contato forte do peitoral dele com seu corpo frágil. Ele estava ocupado devorando a boca dela, enquanto uma mão brincava livremente com um de seus seios, sob o sutiã preto.

Joseph: Chega. – Disse, de repente, soltando a boca dela. Sua voz estava tremula, quebrada. Joseph colocou a mão no colo dela, empurrando-a gentilmente, e fazendo-a se deitar sob a mesa. – Venha aqui, Ma Belle. – Convidou, beijando em torno do umbigo dela.

Demetria fechou os olhos. Não queria ver, apenas sentir. Joseph sorriu quando viu o rostinho ansioso dela, e como estava linda daquele jeito, meu Deus. Ela sentiu as duas mãos dele pegarem as laterais de sua calcinha, e ergueu o quadril, pra facilitar a remoção da peça. Depois sentiu o corpo quente dele cobrir o seu, oprimindo-a, e ofegou só com isso, ainda de olhos feJustin os. Porém, ele ainda estava com a maldita calça. Joseph beijou a lateral do rosto dela com vontade, e sorriu outra vez ao sentir Demetria, com as mãos trêmulas, empurrando a calça dele. Demetria podia muito bem se encarregar daquilo, mas queria que fosse exatamente igual à antes de tudo. E, antes, era ele que guiava ela, ele que comandava, e ela era feliz assim. Logo, continuou de olhos feJustin os, apenas sentindo a boca dele se deliciar em sua pele. Joseph viu o estado dela e sorriu, apaixonado, beijando-lhe o ouvido. Resolveu provocar-lhe uma ultima vez, antes de jogar tudo pra cima.


Joseph: Abra as pernas, meu amor. – Sussurrou no ouvido dela, com a voz rouca. Demetria percebeu, nesse instante, que no transe em que estava, permanecera com as pernas juntas. A voz dele causou um arrepio, quase um estremecimento no corpo dela – Me deixe entrar... – Seduziu, e com um sorriso a viu ela morder o lábio, ainda com os olhos cerrados. Ele beijou os lábios dela carinhosamente.

Demetria, prontamente, tirou as pernas de debaixo dele, enlaçando sua cintura. Joseph se demorou mais um instante, então, abruptamente, a possuiu. Demetria, mesmo esperando por aquilo, não achou que fosse ser naquele momento. O ar foi expulso de seu corpo em um espasmo prazeroso.

Demetria: Meu Deus. – Ofegou, se agarrando ao ombro dele, aceitando a invasão ao seu corpo. Ela abriu os olhos e pareciam haver pequenos pontos vermelhos por onde ela olhava. Mas ele começou a se mover, e ela fechou os olhos de novo, se entregando.

Demetria cravou as unhas nos ombros dele, não agressivamente, mas carinhosamente (ou pelo menos a inicio). Mas ela havia se esquecido de como Joseph realmente era na cama. A cada segundo parecia nascer algo nele que exigia sempre mais dela, e ela o entregava, como podia. Ela o agarrou pelas costas, as unhas cravando uma linha vermelha pelas costas dele, e os dois continuaram. O tempo passou, e não haviam mais gritos raivosos ali, e sim arfadas e gemidos de prazer puro. Só que chegou uma hora que não dava mais pra ela. Não conseguia respirar. Sabe quando você tá muito, mas muito apertada pra fazer xixi, e não pode? Aquela agonia, aquela sensação de descontrole? Demetria sentia algo semelhante, porém mais forte. Joseph ergueu o rosto e deu um breve chupão na maçã do rosto dela.


Joseph: Calma, neném. – Sussurrou, e viu Demetria tomar uma grande golfada de ar. O corpo dela parecia estar travando, perante ao orgasmo iminente e violento que sentia vir. Joseph sentia dificuldade em possuí-la, e não queria machucá-la.

Demetria: Não... não consigo... – Ofegou. Ela queria dizer que não conseguia respirar. Joseph sorriu, parando seus movimentos, e beijou o rosto dela com carinho, os lábios, o nariz, os olhos. Ele já havia passado por isso. Há muito, muito tempo, mas havia passado.

Joseph: Juntos, sim? – Induziu, murmurando no ouvido dela. Demetria riu, rouca, e ele sorriu. Ela sentia algo prestes a estralar dentro dela, estava muito próximo. Ele saiu dela, e tornou a entrar, mas devagar. Demetria ofegou, e mordeu o ombro forte dele. – Mais, meu amor... – Sussurrou, e sentiu Demetria ofegar debaixo de si. Ele repetiu o movimento sobre ela calmamente, mordendo até sua alma pra manter a calma agora. Demetria tinha um sorriso perdido no canto dos lábios – Me dê mais, Ma Belle... – Insistiu, e sentiu ela se acomodar melhor debaixo dele. Estava melhorando, pensou ele, mordendo os lábios enquanto se movia cada vez com mais força – Assim... Eu quero tudo de você, neném. – Terminou, e sentiu ela solta novamente. Com um gemido afogado ele voltou ao seu ritmo normal, no qual os corpos dos dois se chocavam violentamente. Demetria inclinou a cabeça pra traz, deixando um gemido vir.

O dia por fim amanhecera. Não que fizesse alguma diferença, naquele céu nublado, mas a diferença dentro daquela sala era enorme. Não faltava mais nada, então...


Demetria: Amor... Joseph. – Chamou, agoniada, se agarrando ao ombro dele. Joseph a olhou, preocupado que algo passasse errado – Eu vou... – Ela não conseguiu terminar; com um gemido derrotado, afundou o rosto no pescoço dele.

Joseph trouxe o rosto dela pro seu e a beijou. O orgasmo de Demetria estourou violentamente, e o gemido dela morreu na garganta dele. Não demorou nada, e ele se veio dentro dela, deixando seu corpo cair sobre o dela, ofegando fortemente. Demetria não viu mais muita coisa, estava cansada. Ela se lembrava de tê-lo acomodado em seu colo, acariciando-lhe os cabelos. Então o cansaço da noite perdida em claro, a exaustão da briga e a dormência da transa a venceram, e ela adormeceu.


Próximo Capitulo...

P.S Eu Te Amo - Capitulo 78

Joseph ficou parado um bom tempo, olhando pra frente. Ouviu Demetria entrar no chuveiro sair dele. Ele respirou fundo e foi até o quarto, atrás dela. Ao chegar no quarto ela estava sentada na cama, de roupão, secando os cabelos com uma toalha.

Joseph: Ma Belle, você já sabia disso. – Disse, erguendo a mão com o envelope dos tickets. Demetria ergueu o rosto, o olhar gelado pousando nele.

Demetria: O que não torna a situação mais agradável. – Disse, tranqüila.


Joseph: Não. Mas você já sabia. Não é surpresa nenhuma, ou é? – Perguntou, olhando-a da porta do quarto.

Demetria: Onde quer chegar, Joseph? – Perguntou, tirando a toalha dos fios chocolate.

Joseph: Não quero chegar a lugar nenhum. – Disse, se aproximando. – Só não entendo o porquê da sua reação.

Demetria: Esperava que eu sorrisse e abraçasse você? Que o agradecesse pela doce lembrança de que me traiu? – Perguntou, impenetrável – Desculpe, querido, é um pouco demais pra mim. – Disse, erguendo a sobrancelha.

Joseph: Ma Belle... – Ele respirou fundo – Eu não sei... Eu... – Ele procurou as palavras – Nada do que eu fizer, nada do que eu disser, vai resolver se você não quiser me perdoar. Vai ser como dar facada em água. – Disse, após se sentar nos pés da cama.

Demetria: Ótimo. Eu não quero, não posso, e nem vou te perdoar. Você vai embora agora? – Perguntou, tranqüila. Joseph rolou os olhos.

Joseph: Eu ainda tenho 06 meses, neném. – Lembrou, coçando a sobrancelha.

Demetria: O que significa que 06 meses se passaram, e você não conseguiu absolutamente nada. Salvo por algumas transas, alimentação melhor, e um filho que não vai nascer. Isso empolga você?

Joseph: Você nunca foi boa usando sarcasmo. – Condenou, balançando a cabeça pra ela.

Demetria: Nunca fui boa escolhendo maridos também. – Disse, se levantando e sumindo pela porta do banheiro.

Joseph: Ok, já vi que conversar não vai funcionar hoje. Vai continuar desse jeito comigo, por uma carta que eu nem sei quem mandou? – Perguntou, olhando a porta do banheiro.

Demetria: Não. – Disse, saindo de lá. Havia deixado a toalha, mas ainda usava o roupão. Este estava aberto, e o corpo dela, coberto pelo sutiã e calcinha pretos. Demetria se abaixou em sua mesinha de cabeceira, abrindo a gaveta e deixando um par de brincos que retirara da orelha – Tem algo que eu sei fazer direito. – Disse, fechando a gaveta e arrumando o roupão, dando o laço de novo.

Joseph: O que? – Perguntou, cansado.

Demetria: Trabalhar. – Disse, com um sorriso tranqüilo – E é isso que eu vou fazer. Pintar. Tenha a bondade de não me interromper, sim? – Pediu, terminando de ajeitar o roupão.

Joseph não disse nada e Demetria saiu, em direção ao ateliê/escritório. Ele suspirou e passou a mão no rosto, tenso. Nada bom, nada bom.
Joseph decididamente perdera a paciência no tempo em que passou sozinho no quarto. Sabia bem que errara, nunca negara. Mas ela o sabia; entendia que se aborrecesse com uma situação tal como essa, e ele iria até o inferno pra saber quem mandara aqueles malditos tickets; mas daí a se portar assim? Ele não a trataria como uma criança. Não a mimaria, nem a rodearia de ‘não me toques’. Ela não estava desavisada. Ele se levantou da posição onde estava e viu que era madrugada, não demoraria amanhecer. Ele tomou um banho demorado, esfriando os ânimos. Joseph tinha pena de quem tinha mandado a carta. Ele encontraria a pessoa, e lhe quebraria os dedos, um a um, de modo que demoraria a conseguir selar uma carta novamente. E, quando conseguisse, não se atreveria a mandar outra daquelas. Ele saiu do banheiro, reparando que passara a noite sem pregar os olhos, e foi pro closet. O rosto que o espelho do closet lhe mostrou era mais pálido que o habitual, os olhos verdes mais impiedosos, com breves olheiras pela noite perdida. Joseph apanhou uma calça abrigo, preta, e uma camiseta branca. Vestiu a cueca e logo as roupas, sem se preocupar em checar seu rosto no espelho. Saiu dali, e foi atrás dela.

Demetria: Pensei que tinha pedido pra não me interromper. – Disse, ao ouvir os passos descalços dele entrando no ateliê.

Joseph não disse nada. Fechou a porta atrás de si e foi até a janela, fechando-a, evitando o vento gelado que entrava por ela. Os cabelos de Demetria, que dançavam sendo arrastados pelo vento, sossegaram em seu ombro. Ele se virou pra ela. Ela vestia o roupão, feJustin o com um laço, e estava descalça, em frente a uma tela, com uma palheta de tintas e um pincel na mão. Joseph teve sua atenção brevemente atraída pra tela; era a mesma tela negra que ele vira anteriormente. Mas agora não havia apenas o quadrado vermelho na beira da tela. Ele crescera, virando uma tira vertical, que vinha do rodapé da tela e subia, serpenteando pela tela negra. Perto da borda se torava, ficando presa apenas por um fio, que continuava até a tela acabar (Ok, pensem na capa de Eclipse pintada em uma tela). Demetria dava os últimos retoques. Enquanto ele observava ela passou o pincel brevemente na palheta, tornando-o vermelho outra vez. Joseph respirou fundo, deixando o quadro de lado.

Joseph: Vai amanhecer. – Disse, evidenciando o céu negro, encoberto pelas nuvens, que agora vinham tomando um tom pálido de cinza.

Demetria: Percebi. – Disse, irônica, os olhos azuis concentrados em onde o pincel tocava delicadamente.

Joseph: Venha comigo pra cama. – Chamou, inutilmente – Ainda pode descansar umas horas.

Demetria: Não. Vou terminar aqui, organizar umas coisas, tomar um banho e ir trabalhar. Obrigado. – Disse, passando o pincel minimamente, corrigindo uma variação do vermelho.

Joseph: Demetria... – Suspirou, tentando manter a calma, mas antes que conseguisse encontrar a linha do raciocínio, ela o interrompeu.

Demetria: Está pronto. – Disse, se afastando da tela. Joseph passou a mão no rosto, e observou ela olhando a tela pronta com um breve sorriso no rosto – Fiz pensando em você. – Disse, satisfeita, trocando de pincel. Isso pegou Joseph de surpresa. Ele viu ela apanhar um tubo de tinta em uma gaveta, e após retirar a tampinha, deixou um nadinha de tinta cinza cair na borda da palheta. Ela sujou brevemente o pincel novo na tinta e Joseph a viu rubricar “Demetria” na borda da tela: finalizando o quadro.

Joseph: Em mim? – Perguntou, tentando achar alguma semelhança entre ele, e a fita vermelha, quase rompida.

Demetria: É o nosso casamento. – Disse, largando a palheta e o pincel na borda da mesa. O rosto confuso de Joseph se fechou de novo. A fita esta quase rompida, os dois pedaços quase separados, presos por um fio quase mínimo.

Joseph: Era pra ser engraçado? – Perguntou, olhando-a.

Demetria: Na verdade, não. Seria humor negro, não faz meu tipo. – Disse, se virando pra ele. Já não sorria, tinha o rosto sem expressão. – Daqui a seis meses eu vou fazer uma nova tela, semelhante a esta. Porém, eu vou cuidar pra que essa linha... – Ela apontou pra o traço que mantinha a fita inteira – Não exista. – Ela sorriu, deboJustin a.

Joseph: Minha paciência com você está acabando, Ma Belle. – Avisou, a voz dura.

Demetria: Sim, querido? – Perguntou, parecendo exasperada, enquanto tirava a tela do suporte, levando-a a um canto do outro lado do escritório, onde secaria.

Joseph: Você não é uma criança, Demetria. – Condenou.

Demetria: Eu sou o que eu quiser ser, e a você não cabe me avaliar. – Disse, tirando os cabelos do rosto, enquanto recolhia a tinta de volta a gaveta de onde tirara.

Joseph: Pelo amor de Deus. – Pediu, tentando manter a calma, e passando a mão na têmpora.

Demetria: Quer saber? Cansei. – Disse, fechando a mesa com baque. Joseph ergueu o rosto, mas dessa vez, pronto pra brigar.

Joseph: Você se cansou?! – Perguntou, o rosto furioso – Logo você, Ma Belle?! – Perguntou, se aproximando.

Demetria: Cansei. Na verdade, eu estou FARTA! – Gritou – FARTA DESSA SITUAÇÃO! FARTA DESSA VIDA, DESSE TEATRO, QUE DIABO, JOSEPH!

Joseph: E VEJA SÓ! – Disse, gritando na mesma altura que ela, e erguendo os braços em deboche – VOCÊ ESTÁ CANSADA, AGORA VEJA QUAL DE NÓS DÓIS TEM PASSADO SEIS MESES PISANDO EM CASCA DE OVO PRA NÃO MAGOAR O OUTRO? QUEM, DEMETRIA? – Demetria respirava aos ofegos, raivosa – QUEM TEM TIDO QUE MEDIR CADA PALAVRA, PRA MANTER A SITUAÇÃO BEM? NÃO É NATURAL, NÃO HÁ SEGURANÇA, MAS EU TENTO!

Demetria: EU NÃO ESTOU PEDINDO PRA VOCÊ TENTAR! – Insistiu, o rosto pálido adquirindo o tom vermelho da raiva – PELO CONTRÁRIO, EU JÁ DISSE DIVERSAS VEZES: DESISTA! VÁ EMBORA! VOCÊ NUNCA ME OUVE!

Joseph: IR EMBORA E LARGAR VOCÊ NO ESTADO ZUMBI EM QUE EU TE ENCONTREI? – Ele viu ela recuar, como se tivesse levado uma bofetada – É ISSO?!

Demetria: Eu posso me recuperar. – Rosnou.

Joseph: NÃO VAI SE RECUPERAR! – Rugiu, a fúria recente agora transbordando – NÃO VAI SE RECUPERAR, VOCÊ NÃO VÊ? EM QUATRO ANOS VOCÊ NÃO TEVE UMA MELHORA, VOCÊ SÓ PIOROU! NÃO HAVIA BRILHO EM SEUS OLHOS QUANDO EU VOLTEI, DEMETRIA!

Demetria: NÃO HAVIA PORQUE VOCÊ TIROU O BRILHO DELES, NÃO SE ESQUEÇA DISSO! – Acusou.

Joseph: E VOCÊ VAI PASSAR A VIDA TODA ME JOGANDO ISSO NA CARA! EU ESPERO ESSE COMPORTAMENTO DE SELENA, NÃO DE VOCÊ! – Rebateu. Ele tomou fôlego, respirando fundo. Não podia passar dos limites com ela.

Demetria: Vá embora. Deixe que eu me decomponha sozinha entre os móveis, deve ser melhor que viver esse inferno. – Disse em um silvo, ainda ofegando, as narinas infladas de fúria.

Joseph: Devia pensar melhor nas promessas que faz, neném. Eu vou ficar mais seis meses. Enquanto meu tempo durar, e acredite, eu sei a data exata. Vou lhe cobrar até o ultimo minuto. – Murmurou de volta.

Demetria: E não vai mudar nada. Vai ser igual, exatamente como agora. Eu não confio em você. – Cuspiu.

Joseph: O que mais me irrita... – Ofegou, passando a mão na sobrancelha – É que esse seu ataque não tem motivo. – Disse, erguendo os olhos verdes, furiosos, pra ela. Viu o choque atravessar o rosto dela novamente.

Demetria: Não tem motivo? – Perguntou, como se não tivesse entendido direito – Eu recebo, na minha casa, os tickets de um motel pro qual você levou alguma vagabunda. Alguém passa isso na minha cara. E eu não tenho motivos?! – Perguntou, incréSela.

Joseph: Não pra tanto, Demetria. – Disse, impaciente.

Demetria: Ah, não é? – Perguntou, entre o deboche a increSelidade.

Joseph: Não é. A partir do momento em que aceitou que eu retornasse por um ano, você se deu e me deu a oportunidade de tentar arrumar as coisas. – Começou.

Demetria: Te deixei ficar o maldito ano pra que você parasse de me seguir, de me atacar! – Acusou.

Joseph: MENTIRA SUA! – Rugiu, agora deixando sua raiva fluir livremente – É MENTIRA, VOCÊ QUERIA TENTAR DE NOVO, E VOCÊ SABE DISSO, NÃO SE FAÇA DE INGENUA!

Demetria: Que seja. Não deu certo. Só você não vê isso.

Joseph: Não tem dado certo, porque pra dar certo você precisa querer me perdoar. Precisa querer esquecer, querer confiar. Se ficar levando a magoa como um mantra, não vamos chegar a lugar algum, e olhe que eu estou fazendo das tripas coração pra agradar você.

Demetria: Ok. Da próxima vez que eu receber uma carta daquelas, eu vou ignorar. Vou te preparar um lindo jantar, e depois vou transar com você em cima da mesa. – Disse, deboJustin a.

Joseph: Já disse que você e sarcasmo não combinam. É um fiasco. – Disse, rolando os olhos – Agora, o que eu não entendo. Você já sabe que eu trai você, sabe de tudo o que aconteceu, da maioria das mulheres com quem te trai, - Os olhos azuis de Demetria foram se arregalando em choque a cada palavra dela – Sabe de toda a história. Não há necessidade pra isso.

Demetria: E VOCÊ FALA DISSO COMO SE FOSSE NATURAL! – Disse, a fúria faiscando em seus olhos.

Joseph: NÃO É NATURAL, É A VERDADE! – Rugiu de volta.


Joseph não reparou o que ela fizera. Só viu os cabelos dela ricochetearem no ar, e em seguida, tudo muito rápido, o suporte da tela estava voando em sua direção. A sorte era que ele era bom com seus reflexos. Sua mão forte imediatamente amparou o suporte da tela no ar, antes que se chocasse com ele, e o suporte quebrou; vários pedaços de madeira caíram no chão com um baque ruidoso. Joseph não teve tempo de se recuperar do choque; um livro voou em sua direção, e atingiu seu ombro, a capa dura machucando-lhe. Logo veio outro, e outro. Demetria apanhava os livros das longas prateleiras do ateliê e jogava com força em direção a ele. Joseph se esquivou do segundo, se abaixou do terceiro (que atingiu a janela de vidro atrás dela, quebrando-a, deixando-a cheia de raJustin uras). O ato de Demetria só fez atenuar sua raiva. Isso não era nada bom.

Joseph: Pára... – Tentou começar, mas teve que se tirar do caminho novamente, pra evitar que um dicionário lhe acertasse em cheio a barriga. Demetria era boa de mira, e isso não era bom pra ele no momento. – DEMETRIA, PÁRA COM ISSO! – Rugiu, se aproximando rapidamente dela, e levando uma enciclopédia pelo peito.

Próximo Capitulo...

P.S Eu Te Amo - Capitulo 77

Demetria se concentrou em manter a relação estável com Joseph. Não fora tão bom nem tão confortável quanto no dia do ano novo, mas estável. Não havia sexo todos os dias, ela estava meio distante, mas pelo menos não brigavam. Os dias se passaram. Houve uma mudança notória em Sterling. Perdera o ar alegre, feliz. Deixara de se machucar pra ir ao hospital ver Ana. Parecia ter o peso do mundo nas costas, e cada dia parecia pior. Apenas trabalhava, respondia quando falavam com ele, e sempre que podia sumia, pra ir ficar com a filha. Um mês se passou, exatamente. Fevereiro chegou.

Porteiro: Sua correspondência, Sra. Jonas. – Disse, quando Demetria passou com o carro pela portaria.

Demetria: Obrigada. – Disse, simpática, pegando o bolo de envelopes, e seguiu.

Demetria estacionou o carro e apanhou o elevador. Haviam contas mensais, extratos de cartões de créditos, umas contas de Joseph, carta de reunião do condomínio (que ela não iria. Demetria riu ao pensar nisso.) E, por fim, um envelope curioso. Branco. Sem remetente. O destinatário não constava com endereço, apenas havia impresso “Para Demetria.” Juntamente com o bloco, o andar e o apartamento dela. A pessoa, provavelmente, não utilizara o correio. Demetria saiu do elevador e abriu a porta do apartamento, apalpando, curiosa, o envelope. Era leve, parecia não conter nada. Ela fechou a porta atrás de si, largou os envelopes e a chaves na cestinha da mesinha próxima a porta.


Demetria: Vamos ver... tchantchantchantchan... – Disse, achando graça, enquanto pegava um estilete de metal em uma gaveta. Ela se sentou no sofá e abriu o envelope, largando o estilete do seu lado, e apanhou o conteúdo do envelope.

Eram pequenos tickets de papel. Bilhetes de Motel. O rosto de Demetria desmoronou, enquanto ela olhava de ticket em ticket. Demetria nunca fora com Joseph a um motel, os dois concordavam que era incomodo demais. O olhar dela estava duro, feito duas pedras. Os tickets haviam sido pagos com o cartão dele, Demetria reconhecia os números. Se não bastasse, a assinatura dele estava ali também. Um ticket, dois tickets, três tickets... Demetria parou de contá-los quando chegou a meia dúzia. Ainda haviam mais dentro do envelope, mas ela largou tanto os envelopes quanto os tickets no sofá e pôs o rosto entre as mãos. Ali estava a prova viva de que ignorar a realidade não adiantava; ela vinha atrás de você.

E isso é só o começo.

-

Joseph chegou em casa, mais tarde, naquele dia. Ela estava sentada na sala, quieta, e ele sentiu que algo estava errado. Ele observou ela, enquanto colocava sua chave na mesinha. Seu rosto mudara. Estava pálida, fria, os olhos irradiavam dureza e gelo. Joseph não gostou do que viu no rosto dela. Não sabia o que era, puxou sua ficha procurando alguma coisa, mas fora meticuloso em não fazer nada que a chateasse ultimamente. Assim, arriscou. Deixou sua maleta e as chaves na mesinha e se aproximou, baixando o rosto pra beijá-la. Foi ai que Demetria se moveu: se afastou. Ela se levantou, dando as costas a ele. Joseph recuou; já esperava essa reação dela.

Joseph: O que agora, Ma Belle? – Perguntou, cansado.

Demetria: Te mandaram uma carta. – Disse, se virando. O rosto dela era despreocupado, sem expressão. Sua voz não era raivosa; era a voz de quem responde uma pergunta que só ela sabia responder, nada que merecesse atenção.

Joseph: E...? – Perguntou, esperando.

Demetria: Endereçaram errado. – Disse, apanhando o envelope com os tickets já recolhidos novamente no sofá – Mas isso é seu. – Disse, estendendo o envelope.

Joseph respirou fundo e o apanhou. Olhou o nome de Demetria no envelope, e buscou seu conteúdo. Ele só olhou um ticket, e baixou o envelope.


Joseph: Ma Belle... – Tentou.

Demetria: Não. – Disse, a voz sem entonação. – Eu só esperei porque achei que você tinha direito de receber sua carta. Não quero ouvir mais nada. É só isso. – Disse, e fez a volta tranquilamente pelo sofá. Mas ele não desistiu.

Joseph: Vai dar atenção a isso? – Perguntou, observando-a. - É passado, Demetria. - Lembrou.

Demetria: Não. – Disse, se virando pra ele. Ainda tinha a calma na voz que o deixava com ganas de gritar – Isso só é a prova escrita da grande obra que você fez com tanto cuidado. Tome esses tickets por notas fiscais das suas obras. Cada um faz do jeito que tem talento. Eu tenho talento pra fotografar e pintar, você tem talento pra ter amantes. – Disse, dando de ombros – Enfim, fique com a sua carta.

Joseph: Seja razoável, Ma Belle. Eu não sei quem mandou isso, eu não... – Interrompido.

Demetria: Exatamente. Pode ter sido qualquer uma. – Disse, calma. Joseph queria que ela estivesse gritando, tentando bater nele, seria melhor que aquilo – Eu só não vou aceitar ser humilhada, Joseph. Eu já fui humilhada demais. Pra mim basta. – Ele ia falar, mas ela ergueu a mão – Por favor. – Disse, e se virou, saindo pelo corredor.

Joseph rosnou consigo mesmo, rasgando o envelope e o amassando. A raiva pulsava em suas veias. Ele passou as mãos no rosto, andando pela sala. Quando diziam que tudo que está ruim pode piorar, ele não levava a sério. Agora ele acreditava.

Próximo Capitulo...


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

P.S Eu Te Amo - Capitulo 76

No dia seguinte, logo pela manhã, Sterling levou Lúcia ao Zoológico. A menina  ficou fascinada. O pai lhe comprou um algodão doce enorme, rosa, em formato de coração, que ela se lambuzou comendo.

Sterling: Quieta, Lucy. – Pediu, achando graça. Ele tinha um lenço branco na mão e estava abaixado, tentando limpar o rostinho da menina , que saltitava, excitada.

Lúcia: Ainda não vimos os macacos. – Se queixou, ainda animada.

Sterling: Vamos vê-los assim que você me deixar limpar esse rosto. – Lúcia respirou fundo, em um sinal forçado de concentração, e Sterling riu gostosamente, limpando o rosto dela.

Susana: Olá. – Disse, aparecendo atrás dos dois. Sterling rosnou, amassando o lenço dentro da mão. Não fora coincidência, Susana seguira ele.

Lúcia: Oi, mamãe. – Sorriu, passando a mãozinha na boca. Susana apenas acenou com a cabeça, menosprezando a filha.

Sterling: Agora melhorou. – Disse, tirando a ultima migalhinha de algodão doce da bochecha de Lúcia com o dedão.

Susana: Oi, Sterling. – Insistiu, divertida.

Sterling: Olá, Susana. – Disse, se levantando.

Lúcia: Vamos ver os macacos! – Pediu, ansiosa, puxando a mão do pai, que sorriu.

Sterling: Já vamos, meu amor. Vai na frente. Não muito longe, não saia da minha vista. – Disse, e Lúcia saiu saltitando, lindinha em um vestidinho rosa claro. Sterling embolou o lenço e o jogou em uma lixeira próxima.

Susana: “Meu amor”? – Perguntou, achando graça.

Sterling: Com sua licença, Susana. – Disse, pronto pra ir atrás de Lúcia, que empolgada demais pulava alguns metros adiante, obedecendo o pai quanto a não sumir de sua vista, mas louca de vontade de seguir.

Susana: Já pensou? – Perguntou, relaxadamente.

Sterling: Tenho pensado sobre várias coisas ultimamente. Mas nenhuma lhe diz respeito. – Disse, limpando a mão.

Susana: Pensei que tínhamos um acordo. – Disse, ligeiramente engraçada.

Sterling: Não há acordo. – Disse, duro, tentando limpar um pedaço de algodão que derretera e grudara na palma de sua mão. Dava agonia aquilo visgando, pensou, enquanto tentava soltar – JÁ VOU! – Gritou, em resposta ao “Papai!” chamado por Lúcia – A menina  é minha. E você vai perdê-la na justiça.

Susana: Você é cruel, Sterling. – Disse, balançando a cabeça drasticamente – Pobre Demetria.

Sterling: Quem é você pra falar de crueldade, Susana? – Perguntou, incréSelo – Lúcia não é um brinquedo, e eu não vou barganhar. Fim de conversa.

Susana: Tudo bem. – Disse, balançando os braços. Sterling viu ela se virar, e deu graças a Deus achando que ela estava indo embora. Ela, ainda de costas, virou o rosto pra ele, os olhos azuis faiscando por seu rosto – Sabe que eu posso prejudicá-la, Sterling. Sabe das provas que eu tenho, de tudo o que eu tenho a dizer, e que, acredite, ela não vai querer ouvir.

Sterling: Vá embora, Susana. – Mandou, o rosto cansado novamente.

Susana: Assim que fevereiro chegar. – Lembrou, como a data de uma sentença, em um murmúrio, perto do ouvido dele. Então sorriu e finalmente se afastou.


Sterling queria pegar ela e jogar na jaula do leão. Ou do crocodilo. Não, melhor, das cobras, assim ela morreria dentre as irmãs. Ele estava escolhendo qual jaula quando...

Lúcia: Papai, vamos! – Chamou, pegando a mão dele de novo. Sterling assentiu e foi com ela.

Esperemos que Fevereiro chegue, então.

próximo capitulo....