Historias

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

P.S Eu Te Amo - Capitulo 77

Demetria se concentrou em manter a relação estável com Joseph. Não fora tão bom nem tão confortável quanto no dia do ano novo, mas estável. Não havia sexo todos os dias, ela estava meio distante, mas pelo menos não brigavam. Os dias se passaram. Houve uma mudança notória em Sterling. Perdera o ar alegre, feliz. Deixara de se machucar pra ir ao hospital ver Ana. Parecia ter o peso do mundo nas costas, e cada dia parecia pior. Apenas trabalhava, respondia quando falavam com ele, e sempre que podia sumia, pra ir ficar com a filha. Um mês se passou, exatamente. Fevereiro chegou.

Porteiro: Sua correspondência, Sra. Jonas. – Disse, quando Demetria passou com o carro pela portaria.

Demetria: Obrigada. – Disse, simpática, pegando o bolo de envelopes, e seguiu.

Demetria estacionou o carro e apanhou o elevador. Haviam contas mensais, extratos de cartões de créditos, umas contas de Joseph, carta de reunião do condomínio (que ela não iria. Demetria riu ao pensar nisso.) E, por fim, um envelope curioso. Branco. Sem remetente. O destinatário não constava com endereço, apenas havia impresso “Para Demetria.” Juntamente com o bloco, o andar e o apartamento dela. A pessoa, provavelmente, não utilizara o correio. Demetria saiu do elevador e abriu a porta do apartamento, apalpando, curiosa, o envelope. Era leve, parecia não conter nada. Ela fechou a porta atrás de si, largou os envelopes e a chaves na cestinha da mesinha próxima a porta.


Demetria: Vamos ver... tchantchantchantchan... – Disse, achando graça, enquanto pegava um estilete de metal em uma gaveta. Ela se sentou no sofá e abriu o envelope, largando o estilete do seu lado, e apanhou o conteúdo do envelope.

Eram pequenos tickets de papel. Bilhetes de Motel. O rosto de Demetria desmoronou, enquanto ela olhava de ticket em ticket. Demetria nunca fora com Joseph a um motel, os dois concordavam que era incomodo demais. O olhar dela estava duro, feito duas pedras. Os tickets haviam sido pagos com o cartão dele, Demetria reconhecia os números. Se não bastasse, a assinatura dele estava ali também. Um ticket, dois tickets, três tickets... Demetria parou de contá-los quando chegou a meia dúzia. Ainda haviam mais dentro do envelope, mas ela largou tanto os envelopes quanto os tickets no sofá e pôs o rosto entre as mãos. Ali estava a prova viva de que ignorar a realidade não adiantava; ela vinha atrás de você.

E isso é só o começo.

-

Joseph chegou em casa, mais tarde, naquele dia. Ela estava sentada na sala, quieta, e ele sentiu que algo estava errado. Ele observou ela, enquanto colocava sua chave na mesinha. Seu rosto mudara. Estava pálida, fria, os olhos irradiavam dureza e gelo. Joseph não gostou do que viu no rosto dela. Não sabia o que era, puxou sua ficha procurando alguma coisa, mas fora meticuloso em não fazer nada que a chateasse ultimamente. Assim, arriscou. Deixou sua maleta e as chaves na mesinha e se aproximou, baixando o rosto pra beijá-la. Foi ai que Demetria se moveu: se afastou. Ela se levantou, dando as costas a ele. Joseph recuou; já esperava essa reação dela.

Joseph: O que agora, Ma Belle? – Perguntou, cansado.

Demetria: Te mandaram uma carta. – Disse, se virando. O rosto dela era despreocupado, sem expressão. Sua voz não era raivosa; era a voz de quem responde uma pergunta que só ela sabia responder, nada que merecesse atenção.

Joseph: E...? – Perguntou, esperando.

Demetria: Endereçaram errado. – Disse, apanhando o envelope com os tickets já recolhidos novamente no sofá – Mas isso é seu. – Disse, estendendo o envelope.

Joseph respirou fundo e o apanhou. Olhou o nome de Demetria no envelope, e buscou seu conteúdo. Ele só olhou um ticket, e baixou o envelope.


Joseph: Ma Belle... – Tentou.

Demetria: Não. – Disse, a voz sem entonação. – Eu só esperei porque achei que você tinha direito de receber sua carta. Não quero ouvir mais nada. É só isso. – Disse, e fez a volta tranquilamente pelo sofá. Mas ele não desistiu.

Joseph: Vai dar atenção a isso? – Perguntou, observando-a. - É passado, Demetria. - Lembrou.

Demetria: Não. – Disse, se virando pra ele. Ainda tinha a calma na voz que o deixava com ganas de gritar – Isso só é a prova escrita da grande obra que você fez com tanto cuidado. Tome esses tickets por notas fiscais das suas obras. Cada um faz do jeito que tem talento. Eu tenho talento pra fotografar e pintar, você tem talento pra ter amantes. – Disse, dando de ombros – Enfim, fique com a sua carta.

Joseph: Seja razoável, Ma Belle. Eu não sei quem mandou isso, eu não... – Interrompido.

Demetria: Exatamente. Pode ter sido qualquer uma. – Disse, calma. Joseph queria que ela estivesse gritando, tentando bater nele, seria melhor que aquilo – Eu só não vou aceitar ser humilhada, Joseph. Eu já fui humilhada demais. Pra mim basta. – Ele ia falar, mas ela ergueu a mão – Por favor. – Disse, e se virou, saindo pelo corredor.

Joseph rosnou consigo mesmo, rasgando o envelope e o amassando. A raiva pulsava em suas veias. Ele passou as mãos no rosto, andando pela sala. Quando diziam que tudo que está ruim pode piorar, ele não levava a sério. Agora ele acreditava.

Próximo Capitulo...


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