Historias

quarta-feira, 22 de julho de 2015

P.S Eu Te Amo - Capitulo 69

Demetria acordou na fossa no dia seguinte, outra vez. Mas Joseph, dessa vez, não foi alheio. Quando sentiu ela se mover, se soltando dele, não deixou.

Demetria: Eu preciso ir trabalhar. – Disse, tentando se desvencilhar do braço dele.

Joseph: Não. Precisa ficar. –Disse, pondo-a deitada de volta. Demetria se deixou deitar no travesseiro. Joseph se deitou de lado, se apoiando em um braço. Demetria viu o verde ainda sonolento dos olhos dele. – Está bem? – Ela assentiu, e tentou levantar de novo – Sem pressa, Ma Belle.

Demetria: Me deixe ir. – Pediu, encarando-o.

Joseph: Tudo bem. – Disse, após um instante olhando-a – Eu amo você. – Lembrou. Demetria sentiu a mão dele solta-la, e se levantou, tendo uma dificuldade bárbara em andar, pela violência da noite anterior.

Os dias se passaram desse modo. Joseph não voltou a tocar Demetria, e o clima estava estranho, anormal.
O ultimo dia do ano chegou; Demetria marcou de se encontrar com Sterling de manhã no ateliê, pra resolver uns últimos detalhes antes de fazer o balanço total. Se encontraram na rua, próximo ao prédio. O vento era frio, levava os cabelos de Demetria e o sobretudo de Sterling.

Sterling: Se vê triste. – Comentou – Quer desabafar, Demi? – Demetria sorriu.

Demetria: Você nunca foi bom ouvinte. – Disse, olhando o chão enquanto caminhava. Sterling sorriu.

Sterling: Pessoas podem mudar. – Disse, em tom brincalhão – Sou seu amigo. Me afeta ver você sofrendo assim. – Ele respirou fundo – É por ele, não é?

Demetria: Por quem mais seria? – Perguntou, cabisbaixa.

Sterling: Qual o problema? – Perguntou, observando-a.

Demetria: Eu não sei, eu pensei que já passasse tudo bem... mas então Susana apareceu. Parece que toda a confiança que eu tinha adquirido nele se converteu em uma linha, e eu tenho que puxar o tempo todo, pra manter firme. Mas está escorregando demais. – Ela respirou fundo – Eu não consigo confiar. – Desabafou – Acho que é mais em mim mesma que nele.

Sterling: Então se eu matar Susana o problema se vê resolvido? – Perguntou, tentando distrair o ambiente. Demetria riu de leve.

Demetria: Falando em Susana, onde está Lúcia? – Perguntou, sorrindo.

Sterling: Ficou com Justin  , ajudando-o com as malas.

Demetria: Justin   vai viajar? – Perguntou, surpresa.

Sterling: Não, resolveu se mudar de vez. Está indo hoje, vai apanhar as coisas dele que ficaram, e volta essa semana. Mas na minha casa ele não fica. – Disse, passando a mão no cabelo.

Demetria: Se está levando as malas pra lá... – Deixou o silêncio como sugestão.

Sterling: Não por isso, jogo as malas pela janela. – Ele sorriu, o vento arisco batendo em seu rosto. Demetria riu – Escute, Justin   é um problema fácil de resolver.

Demetria: Se você acha... – Ela riu de novo.

Sterling: Se houver algo que eu possa fazer por você, pra te ajudar, qualquer coisa, Demi, não hesite em pedir. Não importa a hora, não importa o que for. – Disse, e Demetria sorriu, abraçando-o.

Demetria: Obrigada. – Disse, e ele beijou sua testa, enquanto entravam no prédio.

O problema é que havia alguém perto deles, seguindo-os. Alguém cujo pescoço tinha marcas que nem eram roxas, eram pretas, devida a violência sofrida.

Susana: Qualquer coisa? – Repetiu pra si mesma, sorrindo de canto – Bom saber. Isso vai ser mais divertido do que eu pensava. – Disse, um sorriso faiscando em seu rosto. Ela seguiu andando pela calçada, e estava decididamente feliz. E, decididamente, nada de bom sairia dali.

-

Demetria trabalhou incansavelmente aquela manhã. Quando era lá pras 11 da manhã, ela estava revirando papéis, e Sterling disse que iria buscar algo que comer. Demetria assentiu, e continuou seu trabalho. Então abriu sua bolsa, pra buscar a agenda do ateliê (uma agenda onde Demetria colocava os procedimentos de cada dia, de modo que ela tinha uma noção exata do avanço que faziam). Abriu na pagina do dia. Mas havia um papelzinho lá, um bilhete, e a letra não era dela. "P.S.: Eu te Amo.". Demetria desmontou. Como infernos ele conseguia fazer isso? Ela amassou o papel e o atirou na cesta próximo a sua mesa. Apanhou uma caneta, e começou a escrever.

31 de Dezembro.

Selena e Ashley  não vieram, devido ao ano novo. Sterling e eu terminamos por fim a organização dos arquivos perdidos com o incêndio. Dei uma adiantada no quadro ainda sem nome que comecei a pintar aqui, mas creio que o que estou fazendo em casa ficará pronto mais breve. Só ficaremos no trabalho hoje até o almoço, porque...

A partir do “em casa” a letra de Demetria começou a tremular. Ela parou no “porque”, porque não conseguia mais enxergar, devido as lágrimas que caiam. Ela largou a caneta em cima da agenda e apoiou as mãos no rosto, deixando os soluços virem. Se abaixou, e após pegar a lixeira, resgatou o bilhete de Joseph de lá. O desamassou e o colocou dentro da agenda. Depois disso não fez mais nada. Se recostou na cadeira, se abraçando, e chorou toda a dor que vinha sentindo. Depois da volta de Joseph, Demetria não tivera tempo sozinha pra se sentir triste. Ou estava no trabalho, com todos, ou em casa, com o próprio Joseph. Ao contrário de antes da volta dele, que depois do expediente, ela tinha todo o tempo livre e sozinha, pra expressar qualquer sentimento. Ela aproveitou o tempo sozinha no escritório, e deixou que a dor lhe açoitasse o quanto pudesse, deixando que as lágrimas viessem sem ter que despertar a pena de ninguém.

Era só ela. Logo sua maquiagem havia derretido, o rímel escorrendo pelo rosto pálido junto com as lágrimas. Foi quando Sterling voltou.

Sterling: A joça da cafeteria não tem os cigarros que eu... Demi? – Disse, largando o café em cima da mesa dela – O que houve? – Perguntou, assustado.

Mas não precisou muito. Demetria, sem conseguir falar, negou com a cabeça, baixando-a. Os cabelos caíram sobre seu rosto, mas ela não se importou. Sterling apanhou um copo de água pra ela, que bebeu, se acalmando em seguida.



Sterling: Se te machuca tanto, porque não desiste? – Perguntou, após ter puxado sua cadeira pra perto dela.

Demetria: Primeiro, porque eu prometi um ano a ele. Ele ainda tem 7 meses. – Disse, a voz ainda trêmula pelo choro.

Sterling: Segundo...?

Demetria: Segundo... porque é muito ruim ser só, Sterling. Voltar pra casa e não ter ninguém te esperando, só um apartamento vazio e frio. Ninguém que te ouça, ninguém que se preocupe. – Ela franziu o cenho, bebendo outro gole da água.

Sterling: Você pode tentar outra pessoa, Demi. Alguém que te machuque menos. – Sugeriu.

Demetria: Não há outra pessoa. Não pra mim. – Disse, respirando fundo. E era verdade.

Sterling: Você consegue viver sem ele. Você conseguiu todo o tempo, porque não agora? – Tentou.

Demetria: Eu consigo ver ele. Mas eu... eu não quero. – Disse, os olhos se enchendo de água de novo – Meu Deus, eu não quero. – Repetiu, e mais duas lágrimas caíram – Eu não consigo superar o que ele fez, e eu não consigo ficar sem ele. Eu sou permissiva demais, mas não é algo que eu possa controlar. Quando ele está perto de mim, quando me toca, até quando fala comigo, só pelo som de sua voz, eu sou dele, e é só. – Ela secou o rosto – Não sei o que fazer. – Assumiu.

Sterling: Minha opinião? – Demetria assentiu – Eu gosto dele. Eu vejo no olhar dele, que ele te ama. – Demetria caiu no choro de novo – É a verdade, Demi. O modo como ele se porta perto de você. É como se estivesse pronto pra se colocar na frente de uma bala por você. O modo como ele te olha, não é só amor, é devoção.

Demetria: Então porque me traiu? Porque fez com que eu perdesse a maldita confiança? – Perguntou, a voz cortada pelo choro.

Sterling: Ele te explicou, não explicou? – Demetria assentiu. – Então. Ele te deu os motivos dele. Fúteis ou não, foi o que levou ele a te trair. – Demetria soluçou – Mas preste atenção. Mesmo tendo feito tudo o que fez, ele nunca o fez por querer menos você, ou por te amar menos. Foi por não saber administrar o que sentia. Por ter medo de você um dia dizer a ele que tinha acabado, passado. Foi medo de não sobreviver, Demi.

Demetria: Então ele vai curar o medo dele na cama de outras? Me enganando?




Próximo Capitulo...

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