Historias

quarta-feira, 4 de junho de 2014

PS. Eu Te Amo - Capitulo 20

Joseph: Tem tanto pavor de mim assim, Demetria? – Perguntou, quando o garçom se afastou.

Demetria: Asco. – Corrigiu, tranqüila, observando a rosa. Joseph sorriu.

O garçom logo voltou. Serviu a taça de Demetria, e encheu a de Joseph. Joseph ordenou que deixasse a garrafa, e o garçom assentiu. Demetria tomou um gole do vinho, demorando com o liquido na boca, sentindo o gosto adocicado.


Joseph: Gosto das suas telas. – Comentou, calmo.

Demetria: Não as conhece. – Criticou, se recostando na cadeira, ainda com a rosa na mão.

Joseph: Conheço, sim. Conheço várias. – Demetria o olhou, debochada – Já fui em duas exposições suas, Demetria.

Demetria: Como? – Perguntou, incréSela.

Joseph: E tenho um quadro, que você pintou. O comprei. – Disse, satisfeito por desmontar a guarda dela.

Demetria: Qual?

Joseph: Vou deixar você adivinhar. – Disse, divertido. Demetria sorriu, debochada.

Demetria: De todos os quadros, como vou saber? – Joseph riu da carinha emburrada dela.

Joseph chamou o garçom, algum tempo depois. Pediram a entrada, e logo o jantar. Demetria ficou quieta enquanto comia, sem sentir nem o gosto. Não queria a proximidade. Queria acabar logo com tudo isso, e voltar a sua vida normal. Terminaram de jantar, e o garçom levou os pratos. Demetria dispensou a sobremesa, e só sobrou o vinho na delicada mesa.

É um pouco tarde pra conversar,
Você não tem nada a dizer ♫

Demetria: Tudo bem. Participei do seu teatro. Conversamos, jantamos. Vamos ao que interessa.

Joseph: Tudo bem. – Disse, apoiando os braços na mesa.

Demetria: Quero você fora da minha casa. – Disse, direta – Quero o divórcio.

Joseph: Não. – Disse, de imediato. Demetria rosnou, se enfurecendo.

Demetria: Então porque diabos isso tudo?! – Perguntou.

Joseph: Calma, Ma Belle. – Pediu, tranqüilo.

Demetria: Como quer que eu tenha calma?! – Perguntou, exasperada – Joseph olhe pra nós dois! – Pediu, e respirou fundo, controlando-se pra não gritar – Não há mais nada aqui, e você está forçando tudo! Não percebe que assim destrói a paz que eu criei pra mim?! – Perguntou, a voz tremula – Depois de tudo que me fez, você deveria ter ficado onde estava. Não é justo que você queira voltar. – Acusou.

Joseph: Eu errei. – Demetria assentiu energeticamente, meio debochada, e tomou um gole do vinho, procurando se acalmar – Mas preciso que você ouça uma história.

Demetria: História? – Perguntou, tentando conter a fúria, mas o deboche claro em sua voz.

Joseph: A nossa história. – Complementou.

E meus olhos doem, mãos tremem.
Então olhe pra mim e me escute ♫

Demetria: Eu conheço a nossa história. Do começo, até o final. – Rebateu.

Joseph: Conhece apenas o começo, porque final ainda não teve. – Corrigiu – E só conhece o seu lado. O que você sente, o que você sabe, o que você viu.

Demetria: É o suficiente pra mim.

Joseph: Toda moeda tem duas faces. Você só conhece uma. – Ele tomou um gole do seu vinho – Agora vai conhecer o meu lado da história, Ma Belle.

Demetria: Eu não tenho mais nada pra ouvir de você Joseph, francamente. – Cortou.

Joseph: Não sei como começar. – Parecia falar consigo mesmo.

Demetria: Ótimo. Vou embora, já que a palhaçada acabou. – Disse, irritada, e tomou impulso pra se levar.

Joseph: Quieta. – Ele puxou ela pelo braço, fazendo-a se sentar – Lembra-se de como nos conhecemos? – Perguntou, inesperadamente. Ele viu Demetria encará-lo, o batom vermelho vinho parecendo destacar-se ainda mais na pele branca, os olhos eram duas pedras de gelo.

FLASHBACK.


Era réveillon. Uma Demetria bem mais jovem comemorava com as amigas em um píer, Selena inclusa. A noite era fria, o mar estava revolto. Não era a Demetria de hoje. Era uma dos cabelos louro claros, lisos e sem cachos, mais jovem, mais sorridente, e com o olhar menos sofrido. Ela usava uma blusa leve, branca, cujo fundo se amarrava como cadarços, um short verde escuro e um tamanco alto. Se separou das amigas por uns poucos instantes, ela sempre precisou de tempo pra si mesma. Parou na ponte que separava a parte A da parte B do píer, e se encostou ali, olhando o mar, sentindo o vento frio castigar-lhe o rosto. A franja brincou com o vento, e ela sorriu consigo mesma. Ficou parada um tempo, então o viu. Joseph, viria a descobrir depois. Ele vinha andando, os cabelos curtos, os olhos verdes, camisa branca, Jeans e tênis. Bêbado. Ria sozinho, e tinha uma garrafa na mão. Demetria revirou os olhos. Ela resolveu voltar pras amigas. Caminhou, meio que desfilando, sem olhar o idiota bêbado com roupas de marca enquanto passava por ele. Mas a ponte dava no estacionamento do píer. Quando Demetria ia passando por Joseph, viu que o idiota ia dar de encontro com um carro branco que vinha na direção dos dois. Ela esperou ele subir na calçada, mas ele continuou no meio. O carro não pareceu reduzir. Talvez o motorista estivesse mais bêbado que aquele imbecil.

Demetria: Ei! – Chamou, voltando. O condenado parou e virou-se pra ela. O carro não reduziu.


Foi tudo muito rápido. Não dava tempo mais pra chamar. Demetria correu, se arriscando nos saltos agulha, e agarrou o braço dele. Joseph tentou se soltar ao sentir as unhas, feitas a francesinha branca, se fincarem em sua pele. Mas sem tempo pra protestar, fraco de tão bêbado, caiu com ela na calçada, o carro ainda batendo no braço dela. Demetria deu com a cabeça no batente da ponte, e seu braço doeu fortemente em protesto. Ainda ouviu o motorista do carro dizer “olha por onde anda!”. Ela rosnou, e se sentou, balançando o braço. O idiota continuou deitado.

Demetria: Ei, você está bem? – Perguntou, com a mão na cabeça, se virando pra ele. Ele estava deitado no chão, de barriga pra cima, e olhava o céu – Ah, droga.

Joseph: Sem sangue, sem culpa. – Ele ergueu a mão, e estava suja de sangue. A garrafa havia quebrado e o cortado. – Ops. – Debochou, abaixando a mão.

Demetria: Você é um idiota. Estúpido! – Acusou, se levantando. De pé percebeu que a batata da perna dele, descoberta pela bermuda, também estava cortada.

Joseph: Você tem belos olhos. – Elogiou, olhando-a – Joseph. – Se apresentou, estendendo a mão boa.

Demetria: Demetria. – Retribuiu, sem gosto, apertando a mão dele. Os dois se encararam, ele sentado na calçada, ela de pé. Então ela cortou o silêncio. – Venha, eu preciso levar você pra tratarem disso.

Joseph: Não, obrigado. Meus amigos... – Ele se levantou, e cambaleou. Demetria rolou os olhos e o segurou – Eu vou voltar pra festa. Obrigado, de qualquer modo.

Demetria: Não vai voltar pra inferno nenhum. – Disse, e se equilibrou pra mantê-lo de pé.

E foi como ela disse. Ela terminou levando-o pra casa, e fazendo curativos em sua mão e perna, enquanto fazia ele engolir um dos cafés mais fortes que ela já preparara.

FIM DE FLASHBACK.

Proximo Capitulo...

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