Historias

quinta-feira, 23 de julho de 2015

P.S Eu Te Amo - Capitulo 71

Demetria fez o que Sterling mandou. Foi pra casa, tomou um demorado banho de banheira, e vestiu algo simples, um short e uma bata solta, branca. Prendeu os cabelos, e foi até a cozinha. Pensava em tudo o que Sterling havia lhe dito. Serviu-se um copo de chá gelado, e se sentou na bancada da cozinha. Fazia um frio escaldante. Ela ficou quieta, pensando em tudo, e não viu o tempo passar. Só se deu conta quando ouviu a porta abrir.

Joseph: Ma Belle? – Chamou a voz vindo da sala. Demetria se levantou, apanhando seu copo de chá, e foi até a sala. Joseph estava lá, os cabelos arrepiados e molhados pela chuva e pelo vento, tirando o terno salpicado de chuva, largando-o no sofá – Tenho algo pra você. – Disse, e Demetria percebeu que ele tinha um pacote na mão. – Tome. – Ele deu o pacote a ela.

Demetria largou o copo em uma mesinha da sala e apanhou a caixa. Se sentou, distraída, e removeu o papel, achando uma caixa branca. Abriu a caixa, e achou um globo de vidro dentro. Ela paralisou, rindo de leve. Joseph, antes do término, a cada ano novo, lhe dava um globo de vidro, daqueles que você sacode e parece ter neve. Era tradição. E lá estava o globo. Ela colocou a mão na caixinha, dispersando o isopor e apanhou o globo, trazendo-o perto do rosto. Havia uma bailarina, erguida na ponta de um pé graciosamente, um braço erguido de modo que sua mão tocava de leve a de seu parceiro, que estava parado perto dela, um braço erguido pra tocar sua mão. Demetria sorriu, e sacudiu a bola levemente, e nevou sob os bonequinhos.


Demetria: É lindo. – Disse, erguendo o rosto pra ele. – Obrigado. – Joseph sorriu, agora secando os cabelos com uma toalha que ela não sabia de onde ele tinha tirado.

Joseph: Você ainda tem os outros? – Perguntou, friccionando a toalha nos cabelos.

Demetria: Todos. Guardados em uma gaveta empoeirada no fundo de um armário do ateliê. – Acentuou.

Joseph: Assim como sua aliança estava. – Disse, tirando a toalha dos cabelos, que ficaram arrepiados – Você não sabe usar os presentes que eu te dou. – Disse, lamentando tragicamente com a cabeça, enquanto desabotoava os pulsos da camisa. Demetria viu um traço da pulseirinha prata que deu a ele debaixo da camisa.


Demetria ergueu uma sobrancelha fina, segurando a resposta mal criada que veio a sua boca. Joseph viu a expressão dela e riu. Demetria sorriu, e deu espaço do lado dela no sofá.

Demetria: Venha aqui. – Disse, e ele se sentou ao lado dela, que colocou as pernas sob seu colo.

Então ela o beijou. Joseph não esperava. Demetria estava distante esses últimos dias, e ele não invadira o espaço dela. Ela colocou a mão livre no rosto dele, e o beijou ternamente. Joseph estava frio, ela reparou, enquanto afundava a mão nos cabelos frios dele. Joseph retribuiu o beijo ardorosamente, puxando-a pela cintura, trazendo-a mais pra si com uma mão, e puxando as pernas dela pro seu colo com a outra. O beijo era sôfrego, Demetria suspirava, lânguida nos braços dele. Quando a respiração se tornou mais urgente, minutos depois, os dois se soltaram, mas continuaram de testas coladas, ofegando.


Joseph: Eu não mereço você. – Murmurou, a voz quebrada.

Demetria: Não, não merece. – Confirmou, e os dois riram – Mas quem disse que a vida é justa? – Perguntou, acariciando o rosto dele, que sorriu.

Os dois ficaram assim por minutos. Joseph acariciava as pernas dela, e ela o rosto dele. Às vezes os dois se beijavam levemente, ou apenas selavam os lábios. Na maioria das vezes apenas ficavam sentindo a respiração um do outro, e isso bastava.


Demetria: Você quer sair, hoje? – Joseph a encarou, os olhos verdes perigosamente perto pelas testas coladas – Tipo, pra comemorar o ano novo?

Joseph: Não faço questão. Podemos ficar, se preferir. Contanto que eu esteja com você, - Ele selou os lábios com os dela novamente – Resultará bem. – Completou.

Demetria: Então ficaremos. – Pediu, e ele assentiu uma vez – Podemos fazer um jantar. Desligar os telefones, proibir o porteiro de interfonar. Ficar assim, só nós dois. Deixa o mundo lá fora, lá embaixo, do lado de fora do portão. – Propôs, passando o dedo nos lábios dele.

Joseph: Me parece perfeito. – Sorriu, ainda olhando os olhos dela – Podemos abrir um vinho. Boa musica. Um bom jantar. Pedimos a comida, se você não quiser cozinhar. – Disse, atencioso.

Demetria: Eu quero. – Disse, tranqüila. – Vou trancar as portas. Ninguém entra.

Joseph: E ninguém sai. – Brincou, erguendo a sobrancelha. Demetria riu, dando um tapinha de leve no rosto dele – Parece bom.

Demetria: Sem problemas, sem preocupações. Só nós dois. Privacidade. – Disse, beijando o nariz dele.

Joseph: E de portas trancadas. – Acrescentou, e ela riu.

Demetria: De portas trancadas. – Assentiu.

Joseph: Obrigado. – Disse, encarando-a.

Demetria apenas sorriu. Era disso que ela precisava. Privacidade. Um tempo pra ser a mulher de Joseph Jonas. Sem problemas, sem traições. Sem Susana, sem Selena, sem nada. Só pra ser dele. E ela teria.

-

O dia se passou, e os dois ainda estavam no sofá, dentre beijos, carinhos e chamegos. Adormeceram após algum tempo, abraçados, um aquecendo o outro da chuva forte, Joseph com Demetria encolhida em seus braços. O sono dos dois durou no máximo umas três horas, foi ai que Demetria acordou. Ela piscou os olhos preguiçosamente, respirando fundo. Joseph ressonava, o rosto afundado em seus cabelos. Ela olhou o pulso, onde um delicado relógio lhe indicou que estava anoitecendo. Ela se desvencilhou dos braços dele calmamente, pra não acordá-lo. Mas quando tomou impulso pra se levantar, um braço forte segurou sua cintura, trazendo-a de volta ao sofá. Ela riu, deitando a cabeça no peito dele, onde ouviu o batimento constante de seu coração.

Joseph: Fugindo? – Acusou, brincando, com a voz ainda rouca de sono.

Demetria: Ia trancar as portas. – Ele riu de leve – E alguém precisa preparar o jantar. – Disse, erguendo o rosto – Se eu não começar agora, vou romper o ano na cozinha. – Disse, montando um bico. Joseph sorriu e selou o biquinho que ela fez.

Joseph: Não vai cozinhar. – Disse, abraçando-a propositalmente com força, o que fez ela gritar, rindo, deitada em cima dele.

Demetria: Sim, eu vou cozinhar. – Rebateu.

Joseph: Não vai não.

Demetria: Vou, sim.

Joseph: Não.

Demetria: Sim. – Disse, achando graça do bate-boca. Joseph riu, passando a mão no rosto.

Joseph: Teimosia. – Disse, mordendo o rosto dela – Não vai cozinhar. Vamos comer enlatados. – Disse, de pronto. Demetria ergueu as sobrancelhas.

Demetria: Enlatados? – Perguntou, deboJustin a.




Joseph: É. Você vai se levantar daqui, isso se eu deixar, tomar um banho e vestir sua roupa mais confortável... e mais velha. – Ela fez uma careta – Então vamos comer enlatados, com um bom vinho. Como antigamente, se lembra? – Sorriu. Demetria sorriu também, se lembrando de quantas vezes os dois comeram ali, no chão da sala, vestidos em moletons.

Demetria: Enlatados? – Perguntou de novo, mas já mais conformada.

Joseph: Enlatados. – Confirmou, satisfeito.

Joseph estava deitado de costas no sofá. Ele viu Demetria se soltar de seus braços, mas não viu pretensão de se levantar vindo dela. Ela apenas se sentou no colo dele, com uma perna de cada lado, e se espreguiçou, manhosa, esticando os braços. Os cabelos caíam, livres do nó, em uma cascata cor de chocolate até a barriga dela. Joseph sorriu, vendo ela espantar o sono recente. E o quão linda era, Cristo. E o que tinha de linda, tinha de dispersa. Talvez até de inocente. Fazia as coisas sem calcular. Como, por exemplo, se sentar daquele modo, com aquele toco de short e aquela bata frágil, e pior, se estreitar no colo do marido esfomeado que tinha. Isso sem se dar conta do que fazia.


Demetria: Que foi? – Perguntou, após terminar de bocejar, vendo o olhar malicioso dele sobre si.

Joseph: Nada. – Disse, ainda deliciado com a ingenuidade dela – Posição interessante pra se sentar. – Elogiou, e Demetria riu, deixando a cabeça cair pra trás. Outra vez, ingênua, pensou ele, vendo o corpo dela se moldar contra a bata fininha, uma vez que ela deixou a cabeça cair. Um sorriso nasceu no rosto dele, enquanto ele coçava a sobrancelha.

Demetria: Você é ridículo. – Condenou, coçando o braço de leve, e encarando ele.

Joseph: Sou? – Ela assentiu – Tudo bem, eu aceito. – Ela riu da objetividade dele. Joseph se sentou no sofá, puxando ela pela cintura, pra fazê-la continuar sentada do mesmo modo em que estava. Demetria riu com isso, enlaçando a cintura dele com as pernas. Joseph olhava ela, sondando. Não era possível que alguém fosse tão alheio a situação como ela era. Mas ela era. Com ele, tudo era natural. – Porém... – Ele ergueu o rosto pra deixar a boca perto do ouvido dela. Como Demetria estava sentada em seu colo, estava mais “alta” que ele. – Esse fato não apaga as boas lembranças que eu tenho desse sofá. – Disse, em um sussurro, e viu a pele do ombro dela se arrepiar. Ele baixou o rosto e beijou o ombro delicadamente, sentindo o perfume doce que exalava dela.

Demetria: Safado. – Disse, dando um tapinha no rosto dele. Joseph riu. – Não ria de mim! – Disse, corando, e Joseph não agüentou: riu mais ainda. Ela bateu no rosto dele de novo, mas dessa vez com um pouco de força.

Joseph parou de rir e ficou sério. Demetria colocou as mãos na boca, os dois olhos de boneca arregalados.


Próximo capitulo...

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