Por estar desmaiada, Demetria não viu o rompante da saída de Joseph
do elevador. A camisa cinza que ele usava já estava suficiente manchada de
sangue pra que a bermuda começasse a se manchar também. Ele abriu a porta
traseira do carro colocando-a lá com cuidado, mas ela não viu esse cuidado, ela
não reagiu, não viu nada, mole, largada como uma boneca de trapos. Joseph
odiava aquela visão. Queria que ela acordasse e descesse a mão no rosto dele,
esbravejando que o odiava e mandando-o ir embora. Preferia isso ao vê-la
daquele jeito. Mas ela não acordou. Não viu como os pneus do carro gritaram em
protesto quando Joseph saiu na rua, o carro apenas sendo um flash negro. Não
viu que ele prestava mais atenção a imagem dela pelo retrovisor do carro do que
a pista a sua frente, mesmo na velocidade letal em que estavam. Não viu também
o banco sofisticado em camurça do carro dele ensopado com seu sangue quando ele
parou na frente do hospital. Não viu que ele deixou o carro luxuoso na frente
do hospital, aberto, e ainda com a chave na ignição, pouco se importando com
nada, apanhando-a nos braços e adentrando ao hospital. Não viu quando levaram
ela dele, deixando-o sozinho na recepção, todo manchado de sangue, o coração em
frangalhos que batiam dolorosamente. Ela não viu nada.
Nicholas : Tenha calma. – Disse, vendo Joseph andar de um lado
pro outro. Ele tinha um braço todo ensangüentado, com o sangue quase seco. A
camisa cinza toda suja. Respirava em gorfadas nervosas. Que diabo, já faziam
horas.
Joseph: Como inferno você soube que eu estava aqui? – Rosnou,
andando de um lado pro outro. Nicholas aparecera literalmente do nada no hospital.
Nicholas : Tudo depende de quem você conhece. – Disse, tranqüilo – Agradeça, se não fosse por mim teriam roubado seu carro.
Joseph: Pro inferno com o carro também. – Disse, pouco se importando.
Nicholas : Joseph, vá se lavar. Beba um copo d’agua, tente se acalmar. Nervoso assim não vai ajudar em nada.
Joseph: Daqui eu não saio. – Disse, definitivo.
Robert: Joseph. – Chamou, se aproximando, com as mãos nos jalecos.
Joseph tinha se esquecido do detalhe desagradável que Robert era o plantonista noturno naquele dia. Mas ao se virar, e ver o olhar do outro, não havia motivos pra briga. Não era o olhar de Robert, inimigo de Joseph. Era o olhar do Dr. Pattinson, medico, plantonista que recebera Demetria em seus cuidados, e o olhar dele tinha uma noticia que não precisava mais ser dita em voz alta. Joseph desabou na cadeira, pondo as duas mãos no rosto, uma dor cega o atingindo. Ouviu, de longe, Nicholas falando.
Nicholas : E Demetria?
Robert: Se recuperando. Ela perdeu muito sangue, agora está recebendo uma transfusão.
Nicholas : Tudo depende de quem você conhece. – Disse, tranqüilo – Agradeça, se não fosse por mim teriam roubado seu carro.
Joseph: Pro inferno com o carro também. – Disse, pouco se importando.
Nicholas : Joseph, vá se lavar. Beba um copo d’agua, tente se acalmar. Nervoso assim não vai ajudar em nada.
Joseph: Daqui eu não saio. – Disse, definitivo.
Robert: Joseph. – Chamou, se aproximando, com as mãos nos jalecos.
Joseph tinha se esquecido do detalhe desagradável que Robert era o plantonista noturno naquele dia. Mas ao se virar, e ver o olhar do outro, não havia motivos pra briga. Não era o olhar de Robert, inimigo de Joseph. Era o olhar do Dr. Pattinson, medico, plantonista que recebera Demetria em seus cuidados, e o olhar dele tinha uma noticia que não precisava mais ser dita em voz alta. Joseph desabou na cadeira, pondo as duas mãos no rosto, uma dor cega o atingindo. Ouviu, de longe, Nicholas falando.
Nicholas : E Demetria?
Robert: Se recuperando. Ela perdeu muito sangue, agora está recebendo uma transfusão.
Ela estava bem. Mas o filho deles não. As lágrimas brotaram no
olhar de Joseph a força, em um soluço. Seu filho estava morto. Sua lágrima foi
pra a mão suja do sangue seco, umedecendo, tornando-o sangue de novo. O sangue
dela. Então sentiu uma mão em seu ombro. Não uma mão hostil, uma mão fria. Ele
ergueu o rosto, os olhos cor de esmeralda enegrecidos pela dor da perda. Pra
sua surpresa, era a mão de Robert. Joseph não teve forças pra repelir o toque
do outro. Estava nocauteado.
Robert: Ela vai acordar logo. Vai precisar de você. – Disse, e soltou Joseph, se afastando. A dor da perda zumbia nos ouvidos dele. Então se lembrou de algo.
Joseph: Ela tinha acabado de fazer 4 meses. – Disse, e tanto Robert quando Nicholas o olharam. – Havia um feto. – Disse, olhando pra frente.
O olhar de Joseph se cruzou com o de Robert, e Joseph entendeu. Não era um feto. Não era algo formado ainda, nem quando estava dentro dela. Agora, machucado e morto, não poderia ser distinguido. Ele soube que não queria ver. Não disse nada, apenas olhou pra frente, e Robert saiu dali.
Nicholas : Ele está certo. Demetria vai precisar de você. Ela amava demais aquele bebê. – Outro soluço daquele choro doloroso nasceu no peito de Joseph, enquanto ele olhava pra frente. Mais duas lágrimas caíram. Nicholas tirou uma maleta Joseph não sabia de onde, e o entregou – Ai tem uma muda de roupas limpas. Eu vou mandar seu carro pra lavagem, os bancos traseiros... – Ele não preciso terminar. Joseph sabia o que havia nos bancos. - Precisa ser forte agora, Joseph.
Robert: Ela vai acordar logo. Vai precisar de você. – Disse, e soltou Joseph, se afastando. A dor da perda zumbia nos ouvidos dele. Então se lembrou de algo.
Joseph: Ela tinha acabado de fazer 4 meses. – Disse, e tanto Robert quando Nicholas o olharam. – Havia um feto. – Disse, olhando pra frente.
O olhar de Joseph se cruzou com o de Robert, e Joseph entendeu. Não era um feto. Não era algo formado ainda, nem quando estava dentro dela. Agora, machucado e morto, não poderia ser distinguido. Ele soube que não queria ver. Não disse nada, apenas olhou pra frente, e Robert saiu dali.
Nicholas : Ele está certo. Demetria vai precisar de você. Ela amava demais aquele bebê. – Outro soluço daquele choro doloroso nasceu no peito de Joseph, enquanto ele olhava pra frente. Mais duas lágrimas caíram. Nicholas tirou uma maleta Joseph não sabia de onde, e o entregou – Ai tem uma muda de roupas limpas. Eu vou mandar seu carro pra lavagem, os bancos traseiros... – Ele não preciso terminar. Joseph sabia o que havia nos bancos. - Precisa ser forte agora, Joseph.
Joseph assentiu, e pegou a maleta, se levantando. Foi até o
banheiro do hospital, lavou os braços, o rosto. Se secou com toalhas de papel.
Abriu a maleta, e havia uma calça, uma camisa branca de botões, e um sapato
ali. Se trocou, jogando a roupa suja no lixo, e vestiu a limpa. Se olhou no espelho.
Seu rosto esta pálido, mas os olhos eram piores, estavam mortos. Então se foi,
indo ao quarto dela, após devolver a maleta de Nicholas . Chegando lá, teve
náuseas. Ela estava deitada, agora dormindo. Havia uma bolsa de sangue de um
lado da cama, e uma de soro da outra. Um tubinho de oxigênio no nariz dela.
Continuava pálida, mas não havia a expressão de dor em seu rosto. Apenas não
havia nada. Joseph se sentou em uma poltrona, esvaziando sua mente. Demorou
horas até que ela suspirasse. Ele a olhou. O rosto dela foi se tornando claro,
iria acordar. Ele respirou fundo, tomando coragem. Mas ela não abriu os olhos.
A mão esquerda se moveu, subindo pela barriga, a aliança dourada reluzindo ali.
Demetria tocou seu ventre, e Joseph não queria ver aquilo. Mas tinha de ver. A
mão dela sondou, procurando a relevância que havia antes ali. Após alguns
segundos ela desistiu. Ainda de olhos feJustin os, uma lágrima escorreu pelo
canto de seus olhos, que enfim se abriram. Ela virou o rosto, encarando ele,
tendo sua confirmação. Seu bebê estava morto. Demetria se acostumara em ser uma
unidade dupla; comendo por dois, se cuidando por dois. Agora era ela sozinha,
de novo.
Demetria: Me abrace. – Pediu, mais lágrimas transbordando de seus olhos.
Demetria: Me abrace. – Pediu, mais lágrimas transbordando de seus olhos.
Joseph se aproximou da cama dela com cuidado pra não tocar no
tubo do sangue, e a abraçou. Demetria ergueu a mão, se segurando no ombro dele,
e deixou o choro vir. Nenhum dos dois tinha percebido, mas esse filho era a
garantia pra caso esse ano não desse certo. Estariam juntos, unidos pela
criança, que precisaria do pai e da mãe. Criança que estava morta agora. Demetria
sentia um vazio enorme dentro de si, um sentimento de culpa, de incapacidade;
não fora capaz de segurar seu próprio filho. Não ia saber se era menino ou meAshley
, não ia fazer um enxoval, arrumar o quarto, nada. Estava tudo vazio, e essa
dor a sufocava. Se Joseph não estivesse ali, abraçado a ela, se ela não
sentisse o calor dele, o apoio, e a dor que emanava de seu corpo, teria
perecido naquele momento. Mas, enfim, ele estava lá, e ali era seu lugar.
Próximo Capitulo...
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