Historias

sábado, 6 de abril de 2013

Sr. Playboy - Capitulo - 8


Nos últimos dias, começara a se perguntar se Taylor não teria razão sobre uma série de outras coisas. Quem sabe se tivesse se mudado para a cidade depois do divórcio as coisas não teriam sido mais fáceis. O fato, porém, era se recusar a vender a casa, pois isso significava que precisaria dividir o dinheiro com Sterling, e, no que dependesse dela, não entregaria um único centavo a alguém que a traíra tão descaradamente. Afinal, fora ela quem escolhera a casa, cuidara da reforma e ainda por cima pagara por toda a mobília. Como poderia abrir mão de algo em que investira tanto tempo e dinheiro? Tudo o que Sterling fizera fora pagar os dois primeiros meses da hipoteca, o restante ficara por sua conta.
— Não, não é só por isso — murmurou Demi para a figura refletida no enorme espelho do closet. Se fosse honesta consigo mesma, reconheceria que aquele não era o único motivo para não ter voltado a morar em um apartamento no centro de Chicago. Ela simplesmente amava sua casa e gostava de Woodberry Park, porque era um condomínio muito agradável, a despeito dos arroubos ocasionais de suas amigas do Clube da Fantasia. Aquele era o lugar em que sempre sonhara morar, apesar de Sterling não ter sido o marido de seus sonhos. Mas, de certa forma, também tinha culpa disso, pois deveria ter percebido que ele era bonito e perfeito demais para ser real. Era justamente nesse ponto que sua sirene de alerta deveria ter disparado. Aliás, Taylor costumava brincar que ela só se casara com Sterling porque seu ex-marido nunca ousara avançar o sinal antes de se casarem. E, mais uma vez, seu irmão estava completamente certo. Afinal, de todos os homens com quem saíra ao longo de sua vida, Sterling fora o único que não tentara levá-la imediatamente para a cama. E pensar que sempre achara que essa era uma demonstração de respeito!
Esse fato, entre outras coisas, só comprovava a teoria que diz que as mulheres costumam fazer vistas grossas para os defeitos daqueles a quem amam até o momento em que não há como negar o inegável. Fora o que acontecera com ela. E onde todo aquele idealismo e paixão a levara? Onde estava neste exato momento de sua vida?
Bem, para começar, estava atravessando a rua para participar do jantar na casa de Miley e amaldiçoando-se secretamente por nunca ter tido a coragem de comprar um gato para lhe fazer companhia, pois, se o tivesse feito, pelo menos hoje teria um assunto sobre o qual falar, além de alguém para aquecer seus pés, ainda que fosse um animal, quando chegasse em casa após o jantar.

Ah, estamos longe demais para que Joe tente tocar em mim antes que o primeiro prato seja servido. Taylor se enganou dessa vez. Demi pensou, olhando em torno de si. Quer a disposição dos convidados ao redor da mesa tivesse sido planejada, ou não, as garotas estavam acomodadas em uma das extremidades, tendo Miley à cabeceira da enorme mesa de jantar, e os homens à outra. Mesmo se tivesse um animalzinho de estimação. Demi duvidava que pudesse fazer qualquer menção a ele, considerando-se que o tema da conversa no lado feminino era nada mais nada menos do que amamentação.
Infelizmente, participar do assunto na extremidade oposta também não seria nada fácil. Os rapazes falavam de beisebol, beisebol e mais beisebol. Aliás, eles já falavam sobre o assunto quando Miley os convidara a se dirigirem à mesa, porque o jantar seria servido à francesa.
Só mesmo Miley para pensar em algo tão formal!, Demi ponderou, antes de olhar disfarçadamente para o relógio. Precisou sufocar um gemido ao perceber que ainda eram oito horas, ou seja, não haviam se passado nem cinco minutos desde a última vez que checara. Estava ali há apenas uma hora, mas sentia como se fossem décadas. Tão logo os garçons servissem a sobremesa, inventaria uma desculpa e sairia correndo.
Foi apenas tal possibilidade que lhe deu alento para suportar o restante da noite. Entretanto, quando a conversa sobre amamentação deu lugar a uma troca de informações sobre quais as melhores fraldas descartáveis do mercado, seu único recurso foi pegar a taça de vinho e levá-la aos lábios sem pudor, deixando seus olhos vagarem a esmo pelo aposento.
Inevitavelmente, chegou o momento em que se deparou com Joe e, quer o considerasse um don-juan barato, ou não, tinha de reconhecer que ele estava maravilhoso naquela noite, vestindo um casaco esporte azul-marinho, um Armani, por certo, camisa branca, mas sem gravata. A calça cinza-chumbo parecia sob medida e o deixava ainda mais elegante e sensual. E os mocassins de couro, sem dúvida, eram Dolce & Gabbana. Demi podia reconhecê-los sem problema, pois passara o sábado anterior inteiro ajudando Taylor a procurar um par igual àquele. Os cabelos escuros estavam impecavelmente penteados, mas um caracol atrevido teimava em cair sobre a testa altiva, enfatizando a imagem de bad boy de Joe, o Lobo, Jonas.
Em um movimento espontâneo, ele levou a mão à testa e afastou o caracol para longe, antes de continuar a conversa com Liam, Joe e Robert, que não haviam desgrudado do convidado de honra nem por um instante sequer, provando que homens também são tietes de astros do esporte.
Demi continuou a fitá-lo. Estava tão entediada que se sentiria feliz se até mesmo Joe lhe desse um pouco de atenção. Ou, melhor, para ser franca, o fitava porque queria muito que ele a notasse. Afinal, flertar com o perigo, ainda mais com um perigo tão sedutor, era muito melhor do que ouvir uma conversa sobre a durabilidade das fraldas descartáveis. Além disso, se continuasse evitando Joe como fizera até então, como poderia saber se, de fato, havia superado aquela paixonite juvenil que nutrira por ele? Melhor mesmo era solucionar a dúvida o quanto antes, não? Tudo o que precisava fazer era dar abertura para que Joe se aproximasse e confirmasse que era o mulherengo cretino que suspeitava que ele fosse.
Sem perceber. Demi sorriu dos próprios pensamentos.

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